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ÁTICO VILAS-BOAS DA MOTA
(BRASIL – GOIÁS)

  

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. No. 11 – jan./jun. 2024Editor: Flavio R. Kothe. Brasília, DF :        Editora Cajuína, Opção editora, 2023.  168 p.
ISBN  22674-8495 No. 10 226     
Ex.  no. 10 226  na   biblioteca de Antonio Miranda

 

ALPONDRAS: GUIA PRÁTICO DA BELEZA
por João Carlos Taveira

 

      O belo livro de poemas de Ático Vilas-Boas da Mota (1928-
2016), intitulado Alpondras: Travessia de Bucareste, bem poderia
ter por título o que nomeia esta pequena resenha: Alpondras:
Guia Prático da Beleza. 
E sem nenhum exagero. Trata-se de uma
coleção de poemas das mais equilibradas que já vi e li nos últimos
30 anos, constitui-se para mim, no maior legado artístico do escritor,
professor e dicionarista baiano, mesmo considerando os grandes nomes do nosso cânone literário.
          Publicada pela Editora UFG (Universidade Federal de Goiás),
já no século XXI, a presente reunião de poemas sugere uma porção
concentrada de beleza, tanto do ponto de vista gráfico, quanto pelo
conteúdo lírico. O autor, no espaço delimitado de dois anos (1999 e
2000), criou e reuniu versos da mais alta significação artística e
humana, ilustrados com obras de escultura da genial artista mineira
Maria Guilhermina Gonçalves Fernandes, que, nascida em Conquista
(MG), há noventa e dois anos, radicou-se em Goiás, onde vive e
onde projetou sua carreira vitoriosa.
Leia-se, de início, um pequena amostra:
Andorinhas

Dão voltas no ar,
mágicos do sonho,
alfinetes de sombras,
ressonância da dúvida,
nas dobras do silêncio.
Meninos alados,
pobre romeiros da tarde,
pedaços de recados,
esquecidos no beiral do céu.

Velozes, aos atropelos
do último raio de sol,
seguem, nos confins do horizonte,
em busca de outros espaços,
alfabeto de muitas viagens.

Partem e ficam
e dançam e recortam
— com tesouras de prata —
a silhueta de quem foge
por não poder mais ficar.

Saltimbancos de estação,
em cada torre, abismo tentação:
vertigem e sabor
do salto mortal!”

        Escritos no período em que Ático Vilas-Boas encontrava-se
em Bucareste, na Romênia, onde foi professor de Literatura
Brasileira, os poemas aqui apresentados permeiam uma trajetória
que vai desde as primeiras impressões da infância até as
ponderações lúcidas de um homem maduro que viveu intensamente
cada momento de sua vida tão rica de experiência e sabedoria. Seu
olhar percuciente sobre os seres vivos e as coisas torna-se, de
repente, uma lente microscópica a vasculhar os caminhos da alma
humana, trazendo aos nossos sentidos um significados de puro
encantamento e beleza. Mas esse testemunho transfigurado em
poemas transcendo o meramente literário e, em muitos momentos,
atinge um elevado lavor artístico. Coisa rara na vida de um homem
perto dos 80 anos, à época da publicação!
Por oportuno, vale citar outro poemas significativo, entre tantos:

             Macaúbas


Minha cidade
é do tamanho do meu coração:
sem cadeado, sem alfândega,
sem fronteira, sem remorso!

Quem quiser ir até lá,
tem que chegar de pés calçados
para não espantar
os passarinhos pousados
em cada sonho dos habitantes do lugar.”

Ático Vilas-Boas foi um cidadão do mundo, conforme
atesta seu currículo e vasta bibliografia. Homem viajado,
professor emérito, estudioso das culturas humanas e
escritor de escol, ele buscou na poesia a perenização da beleza. Mas, na verdade, seu recanto mágico chamava-se
Macaúbas, terra em que viveu e presidiu a Fundação
Cultural Professor Mota, criada em homenagem a seu pai.
Ali, continuou criando, dando forma às suas impressões de
vida e, sobretudo, publicando livros que fazem o orgulho
dos brasileiro, principalmente  os que acreditam na força
da literatura como fonte remodeladora da língua e dos
costumes do homem.
Alpondras: Travessia de Bucareste, certamente, há
de fica — para os amantes da poesia — como um manual
de sensibilidade e depurado bom-gosto. E assim, termino
esta pequena resenha com um poema-síntese, bem
ilustrativo do argumentos apresentados:

Partida

Olhei para o céu
da primavera
e o comparei ao outono
com sua lição maior:

— os pássaros não morrem nunca,
eles apenas esquecem o caminho de voltar!

 

*
VEJA e LEIA outros poetas de BAHIA  em nosso Portal:
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Página publicada em novembro de 2024.

 

 

 
 
 
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